sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Suíça anuncia restrições à vacina da GlaxoSmithKline contra gripe suína

A vacina Pandemrix criada pelo laboratório britânico GlaxoSmithKline para a gripe suína não poderá ser utilizada nas mulheres grávidas, nos menores de 18 anos e nos adultos acima de 60 anos, anunciou a Swissmedic, autoridade suíça de regulação dos medicamentos.

A Comissão Europeia aprovou no fim de setembro, por recomendação da Agência Europeia de Medicamento (Emea), o uso da Pandemrix para combater a pandemia de gripe A (H1N1) nos 27 países do bloco, além de Islândia, Liechtenstein e Noruega.

A incerteza foi provocada pelo medicamento coadjuvante AS03 utilizado para a vacina da GlaxoSmithKline.

"Os dados atuais se referem fundamentalmente aos adultos, mas não existe nenhum dado para as mulheres grávidas e os relativos a crianças são insuficientes", afirma a Swissmedic em um comunicado.

"Portanto, a Swissmedic ainda não autorizou a utilização da Pandemrix nas mulheres grávidas, nos menores de 18 anos e nos adultos com mais de 60 anos", completa o texto.

A aprovação "rápida" da Pandemrix, além da Focetria da Novartis e Celvapan do laboratório americano Baxter, foi resultado do fato de que todas elas obtiveram em 2005 uma aprovação modelo, que permite a alteração da cepa, contra o vírus da gripe aviária, H5N1.

Vacinação

O GlaxoSmithKline (GSK) anunciou em 30 de setembro a entrega do primeiro lote de vacinas contra a gripe suína a diversos governos europeus.

O Reino Unido, país europeu mais afetado pela nova gripe, Espanha e França foram os primeiros a receber a fórmula. As autoridades sanitárias britânicas anunciaram uma campanha de vacinação em outubro para tentar evitar uma nova onda de gripe no inverno do hemisfério Norte.

A agência europeia recomendou um calendário de vacinação de duas doses com um intervalo de três semanas para os adultos, incluindo as mulheres grávidas, e as crianças a partir de seis meses de idade.

Em comunicado, contudo, reconheceu que há dados preliminares que sugerem que apenas uma dose pode bastar para os adultos e explica que as recomendações podem ser atualizadas em função dos resultados dos estudos clínicos.

Sintomas

A gripe suína é uma doença respiratória causada pelo vírus influenza A, chamado de H1N1. Ele é transmitido de pessoa para pessoa e tem sintomas semelhantes aos da gripe comum, com febre superior a 38ºC, tosse, dor de cabeça intensa, dores musculares e nas articulações, irritação dos olhos e fluxo nasal.

Para diagnosticar a infecção, uma amostra respiratória precisa ser coletada nos quatro ou cinco primeiros dias da doença, quando a pessoa infectada espalha o vírus, e examinada em laboratório.

O tratamento precoce com os antivirais Tamiflu ou Relenza pode ajudar a reduzir a gravidade e a duração da infecção, de acordo com o CDC (Centros de Controle de Doenças dos Estados Unidos).


domingo, 18 de outubro de 2009

Vírus H1N1 pode ser incluído em vacina contra gripe comum


Por Helena Neves, da Agência Lusa

Lisboa, 18 out (Lusa) ? O vírus da gripe A H1N1 deverá ser incluído na vacina contra a gripe sazonal do próximo ano, segundo o pneumologista Filipe Froes.

"No Hemisfério Sul, que já saiu da época de inverno, já foi determinada qual será a composição da vacina sazonal para 2010 e esta estirpe já vai estar conjuntamente com mais duas", disse o médico à Agência Lusa.

Provavelmente, irá acontecer o mesmo na vacina sazonal para o Hemisfério Norte, destacou, ressalvando que será necessário observar a evolução do vírus durante este inverno.

Sobre o que é previsível acontecer a este vírus, o especialista comentou que "deve acontecer o mesmo que às outras estirpes anteriores".

"Eles entram em circulação na população a nível mundial, provocam taxas de ataque elevadas pela ausência de imunização. À medida que as pessoas vão sendo vacinadas, o vírus não consegue manter o mesmo ritmo de infecção e passará a ser integrado no equilíbrio normal que existe entre os vírus influenza", explicou.

Pedro Simas, pesquisador da Unidade de Patogênese Viral do Instituto de Medicina Molecular, adiantou que, em termos evolutivos, "este vírus, como antigenicamente é mais competitivo do que os dois vírus circulantes sazonais, pode vir a desalojar um dos outros vírus e passa a ser o vírus predominante nos próximos anos".

"Prevê-se que nos próximos anos vá afetar toda a população do mundo e passa a ser um vírus que circula normalmente como um vírus sazonal", explicou à Lusa.

Com o fim do inverno no Hemisfério Sul, foram aprendidas algumas "lições", sobretudo que o "vírus está estável, não sofreu qualquer mutação", adianta o pesquisador.

"O que aprendemos foi que o vírus está estável, não aumentou de virulência e que causa uma gripe, que pode ser complicada nos grupos de risco, como qualquer vírus da gripe, mas que nas pessoas saudáveis não é uma infecção complicada", comentou.

Para o pneumologista Filipe Froes, as pessoas já perceberam que há vários tipos de gripe e já nem confundem a gripe com a constipação, como confundiam antigamente.

"Há nitidamente uma evolução no conhecimento populacional no sentido de que há uma gripe pandêmica, uma gripe sazonal e a constipação", destacou.

Sobre a previsão de como será o comportamento do vírus no Hemisfério Norte, Pedro Simas afirmou que "não há qualquer indicação de que seja diferente daquilo que se previu no início da pandemia, de que afetará cerca de um terço das populações".

Para ele, "se a vacinação for utilizada de uma maneira racional, será uma forma muito útil e eficaz de controlar a disseminação do vírus e a pandemia".