terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Brasileiros serão vacinados contra gripe suína a partir de março

SOFIA FERNANDES

colaboração para a Folha Online, em Brasília

Atualizado às 14h46.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou nesta terça-feira a estratégia de vacinação contra a gripe A (H1N1 ou gripe suína). A campanha de imunização será dividida em quatro etapas, começando em 8 de março. O Ministério da Saúde estima vacinar 62 milhões de brasileiros para tentar conter a segunda onda da doença, que deve começar no inverno.

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O governo vai priorizar trabalhadores da área de saúde envolvidos no atendimento aos pacientes, grávidas, crianças entre seis meses e dois anos de idade, comunidades indígenas e pessoas com doenças crônicas de base (veja lista abaixo). Serão incluídos também adultos saudáveis de 20 a 29 anos. No país, serão 83 milhões de doses, que custaram R$ 1 bilhão. A vacinação será gratuita.

A primeira etapa acontece de 8 a 19 de março e atenderá trabalhadores do serviço de saúde, público e privado, incluindo trabalhadores de limpeza, recepcionistas, enfermeiros, funcionários de laboratórios e médicos. Na primeira fase será incluída também toda a população indígena (com estimativa de 600 mil imunizações).

A segunda etapa vai de 22 de março a 2 de abril. A população com doenças crônicas, exceto idosos, será atendida (não será exigido atestado médico). Pessoas com obesidade de grau 3 (antiga obesidade mórbida), diabetes, doenças hepáticas e renais estão no grupo de doentes crônicos.

Ainda na segunda etapa, crianças com seis meses a dois anos serão vacinados. Para esse caso, são duas meias doses --a segunda, 21 dias após a primeira dose. As grávidas poderão ser vacinadas a partir da segunda etapa, ao longo de toda campanha.

A terceira etapa, que vai de 5 a 23 de abril, atenderá a população saudável de 20 a 29 anos. Brasil, Estados Unidos e Canadá são os únicos países a incluir crianças e adultos saudáveis na campanha. Os outros países seguem a recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde), que não considera esses grupos como prioritários.

Idosos (com mais de 60 anos) com doenças crônicas serão vacinados na quarta etapa, que vai de 24 de abril a 7 de maio.

"Estratégia realista"

Serão 36 mil salas de vacina, em todos os Estados. Para receber a vacina, é necessário respeitar os grupos definidos pelo ministério, ir a uma unidade de vacinação, com carteira de vacinação e documento de identidade. A vacina é contraindicada a alérgicos a ovo.

Segundo Temporão, o número de vacinas será o suficiente para atender aos grupos prioritários, com excedente para imprevistos. "A estratégia brasileira é bastante realista, tem forte base científica. Estamos tendo foco bastante claro", afirmou. O ministro declarou que o número de vacinas e o formato da campanha "não saiu apenas da cabeça do ministério" --a comunidade científica e especialistas foram ouvidos, de acordo com Temporão.

Rede privada

Temporão afirmou hoje que a mesma estratégia adotada pela rede pública será recomendada para a rede privada de saúde. Será autorizada a venda da vacina apenas para os mesmos grupos de risco e de idade incluídos na campanha nacional gratuita. Segundo os laboratórios GSK e Sanofi, ainda não há previsão de venda da vacina na rede privada.

Veja a lista de doenças crônicas

- Obesidade grau 3 - antiga obesidade mórbida (crianças; adolescentes e adultos);
- Doenças respiratórias crônicas desde a infância (exemplos: fibrose cística, displasia broncopulmonar);
- Asmáticos (formas graves);
- Doença pulmonar obstrutiva crônica e outras doenças crônicas com insuficiência respiratória;
- Doença neuromuscular com comprometimento da função respiratória (exemplo: distrofia neuromuscular);
- Imunodeprimidos (exemplos: pacientes em tratamento para aids e câncer ou portadores de doenças que debilitam o sistema imunológico);
- Diabetes mellitus;
- Doença hepática (exemplos: atresia biliar, cirrose, hepatite crônica com alteração da função hepática e/ou terapêutica antiviral);
- Doença renal (exemplo: insuficiência renal crônica, principalmente em pacientes com diálise);
- Doença hematológica (hemoglobinopatias);
- Pacientes menores de 18 anos com terapêutica contínua com salicilatos (exemplos: doença reumática auto-imune, doença de Kawasaki);
- Portadores da Síndrome Clínica de Insuficiência Cardíaca;
- Portadores de cardiopatia estrutural com repercussão clínica e/ou hemodinâmica (exemplos: hipertensão arterial pulmonar, valvulopatias, cardiopatia isquêmica com disfunção ventricular).

Fonte: Ministério da Saúde
p(tagline). Com Folha de S.Paulo