terça-feira, 29 de outubro de 2013

Evolução fez com que roedores ficassem imunes ao veneno de escorpião
Evolução fez com que roedores ficassem imunes ao veneno de escorpião
                                   


O rato gafanhoto (Onychomys torridus) é insensível às picadas de uma espécie de escorpião, uma raridade da evolução que permite a este roedor da América do Norte alimentar-se desse invertebrado, reporta uma nova pesquisa publicada nos Estados Unidos.

Esta excepção biológica poderia ajudar os cientistas a desenvolver tratamentos contra a dor e antídotos para o veneno deste escorpião, o Centruroides sculpturatus.
Não é comum que a evolução neutralize o mecanismo da dor que permite proteger o corpo das agressões externas e identificar uma doença, afirmam cientistas, cujo estudo será publicado na sexta-feira na revista norte-americana Science.
Para descobrir o segredo da resistência do rato gafanhoto, os cientistas estudaram os efeitos do veneno desta espécie de escorpião noutros ratos desprovidos deste mecanismo biológico.
Descobriu-se que as toxinas do veneno do escorpião neutralizam certos neurónios no rato gafanhoto, mas activam-nas noutros roedores.
O veneno destes escorpiões contém poderosas neurotoxinas que agem no sistema nervoso central e no sistema circulatório, provocando intensas contracções musculares e insuficiência respiratória.
Depois de uma série de experiências, os cientistas, entre eles Ashlee Rowe, da Universidade do Texas, em Austin, no Sul dos EUA, comprovaram que o veneno activa alguns receptores da dor nos ratos normais, como em todos os mamíferos, mas isto não ocorre no rato gafanhoto.
Neste último, os biólogos descobriram que outro receptor, produto de uma mutação, gera aminoácidos diferentes, capazes de unir as toxinas do veneno e neutralizar todos os outros neurónios receptores da dor ao redor.
De facto, segundo os cientistas, o veneno parece desactivar temporariamente qualquer forma de dor no rato gafanhoto.
Este mecanismo de defesa é similar ao observado no rato-toupeira-pelado, insensível à dor, o que lhe permite suportar níveis muito elevados de dióxido de carbono nas galerias subterrâneas onde vive.