Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A decisão do governo brasileiro de incluir os homens na campanha de vacinação contra a rubéola corrige um erro que poderia ter evitado o surto da doença verificado no país nos últimos anos. A avaliação é do médico gaúcho Ciro de Quadros, vice-presidente do Albert B. Sabin Vaccine Institute, em Washington, nos Estados Unidos, que realiza pesquisas e desenvolve programas de imunização no mundo. Segundo Quadros, o Brasil era um dos poucos países, ao lado do Chile, que concentrava esforços para imunizar apenas nas mulheres.
"O enfoque inicial [do governo] era proteger as mulheres antes de engravidarem, para evitar que transmitissem a doença aos fetos, que nasceriam com a Síndrome de Rubéola Congênita. Isso resolveu o problema temporariamente, mas como o vírus da rubéola continua circulando na população principalmente masculina, em qualquer momento em que as mulheres não estejam vacinadas os homens transmitem a rubéola e, de novo, temos a síndrome", afirmou ele em entrevista por telefone, à Agência Brasil.
O especialista considera fundamental imunizar toda a população como medida fundamental para interromper a circulação do vírus. "Caso contrário, os homens acabam sendo reservatórios do vírus", disse.
Ele lembrou o caráter pioneiro das campanhas de vacinação em massa desenvolvidas no Brasil a partir da década de 80, inicialmente contra a poliomielite. Quadros acredita que, alcançada a erradicação da doença no país e no continente, a iniciativa vai servir de modelo para outros países do mundo.
De acordo com o Ministério da Saúde, durante a campanha deste ano o Brasil vai receber observadores de países como China, Índia, Líbano e de nações européias, interessados em aprender as estratégias utilizadas para a vacinação em massa.
"A rubéola existe em todo o mundo. A boa notícia é que a região das Américas resolveu erradicar a doença e certamente o resto do mundo vai se interessar em fazer o mesmo", afirmou.
A campanha de vacinação contra a rubéola será lançada em 9 de agosto e pretende vacinar aproximadamente 70 milhões de pessoas durante cinco semanas.
Para garantir a meta de imunização foi montado um comitê de mobilização, que conta com apoio de aproximadamente 200 entidades, entre empresas públicas e privadas de diversos setores, universidades, associações da sociedade civil entre outros. A iniciativa também vai contar com inserções publicitárias em TVs, rádios e jornais. O governo federal está investindo, pelo menos R$ 10 milhões na divulgação da campanha. O total de recursos federais é de R$ 220 milhões.
A ação está prevista no compromisso firmado pelos países das Américas durante a 44ª Reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) de eliminar até 2010 a rubéola e a síndrome da rubéola congênita.
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