MAGGIE FOX
da Reuters, em Washington
As autoridades sanitárias dos EUA reforçaram na sexta-feira sua recomendação para que todas as crianças e adolescentes de 6 meses a 18 anos de idade sejam vacinadas contra a gripe sazonal, uma vez que não existe vacina contra a gripe suína --a chamada gripe A (H1N1).
A vacina sazonal praticamente não protege contra o vírus A (H1N1), causador da nova gripe, mas a imunização pode impedir que a pessoa seja infectada com ambas as gripes de uma só vez, além de potencialmente minimizar os efeitos da pandemia nas escolas, locais de trabalho e na atividade econômica como um todo, segundo especialistas.
"A vacinação contra a influenza sazonal deveria começar assim que a vacina estiver disponível e continuar durante toda a temporada de influenza", disse Anne Schuchat, do CDC (Centro de Prevenção e Controle de Doenças, na sigla em inglês) dos EUA.
"A esta altura, recomenda-se que 83 por cento da população receba uma vacina anual contra a gripe", disse ela. "Infelizmente, apenas cerca de 40% da população dos EUA receberam a vacina de gripe no ano passado."
No ano passado, o CDC "encorajou" todas as crianças a serem vacinadas. Agora ela "recomenda" --uma instância que não tem força de lei, mas que pode afetar medidas tomadas por Estados e planos de saúde.
Na quinta-feira (23), funcionários do FDA (agência responsável por medicamentos) se comprometeram a trabalhar com empresas e com o Instituto Nacional de Saúde para testar rapidamente as vacinas experimentais contra o H1N1, de modo a acionar assim que possível um plano de vacinação.
Schuchat disse que continua havendo transmissão do vírus H1N1 nos EUA "em lugares como acampamentos de verão, algumas academias militares e ambientes similares, onde pessoas de diversas partes do país se reúnem".
"Acho muito excepcional que tenhamos tamanha transmissão do influenza durante [o verão], e acho que isso demonstra como estamos suscetíveis ao vírus", afirmou.
O CDC diz que foram confirmados oficialmente nos EUA mais de 40 mil casos de contágio da nova gripe, com 263 mortes no país.
Agora, a partir deste Blog, você poderá acessar o site do Ministério da Saúde sobre ORIENTAÇÃO E PREVENÇÃO: VACINAÇÃO, independentemente de nossas postagens. Basta clicar no LINK que está situado ao lado direito desta página, logo abaixo dos LINKS "Google News" e "edsonpaim.com.br", os quais se clicados, conduzem o leitor às últimas Notícias dos Municípios, dos Estados, do País e do Mundo, publicadas em ambos. CONFIRA!
sábado, 25 de julho de 2009
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Gripe: Temporão descarta quebra de patente da vacina
O governo brasileiro afasta, por enquanto, a quebra de patentes como meio de obter a fórmula da vacina contra a gripe A (H1N1) quando a produção começar nos países ricos. “Estamos longe da quebra de patentes. Essa opção não se coloca no cenário”, afirmou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Segundo ele, a aposta do Brasil está no acordo de transferência de tecnologia existente entre o Butantã e o laboratório francês Sanofi-Aventis maior produtor mundial de vacinas para uso humano.
Nessa quinta-feira (23), antes da reunião dos ministros da Saúde do Mercosul, Chile e Bolívia, Temporão advertiu que o País registrará mais mortes decorrentes do vírus da Influenza A (H1N1) e que não terá condições de suprir os países vizinhos com as vacinas que espera produzir a partir de 2010. O governo brasileiro estaria ainda em contato com os laboratórios para averiguar a possibilidade de importar cotas do produto.
O ministro brasileiro antecipou que o objetivo do encontro é criar um plano estratégico na América do Sul para o combate à gripe suína e às doenças que possam surgir no futuro. O México deve se unir ao esforço. Segundo o ministro, o rendimento da vacina contra a gripe suína será bem menor do que o da vacina contra influenza sazonal e a produção brasileira não será suficiente para uma imunização universal.
Fonte: AE
Nessa quinta-feira (23), antes da reunião dos ministros da Saúde do Mercosul, Chile e Bolívia, Temporão advertiu que o País registrará mais mortes decorrentes do vírus da Influenza A (H1N1) e que não terá condições de suprir os países vizinhos com as vacinas que espera produzir a partir de 2010. O governo brasileiro estaria ainda em contato com os laboratórios para averiguar a possibilidade de importar cotas do produto.
O ministro brasileiro antecipou que o objetivo do encontro é criar um plano estratégico na América do Sul para o combate à gripe suína e às doenças que possam surgir no futuro. O México deve se unir ao esforço. Segundo o ministro, o rendimento da vacina contra a gripe suína será bem menor do que o da vacina contra influenza sazonal e a produção brasileira não será suficiente para uma imunização universal.
Fonte: AE
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Instituto Butantan será responsável pela produção da vacina contra gripe suína no Brasil
AMANDA CIEGLINSKI
da Agência Brasil
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, informou, ontem (21) à noite, que o Instituto Butantan, de São Paulo, será responsável pela produção da vacina contra o vírus Influenza H1N1, causador da gripe suína. Durante entrevista ao programa Observatório da Imprensa, da TV Brasil, o ministro informou que o instituto tem um contrato de transmissão de tecnologia com um laboratório francês que está trabalhando na produção da vacina contra a gripe suína.
"Há uma corrida, especialmente de quatro laboratórios multinacionais, pela produção da vacina para o inverno no Hemisfério Norte, que começa agora em novembro. No Brasil, nós poderemos vacinar a população no ano que vem. Estamos em contato com vários laboratórios", afirmou Temporão.
Ele ressaltou que, quando for encontrada a vacina, haverá escassez do produto no mundo. "Outras questão é da propriedade intelectual. As populações mais pobres não podem ser privadas de uma patrimônio que é da humanidade. Acho que a OMS [Organização Mundial da Saúde] tem uma responsabilidade importante para determinar quais serão os mecanismos para que os países mais pobres tenham acesso a essa tecnologia."
Questionado sobre o fato de que o medicamento para tratar a doença, o tamivir, só estar disponível na rede pública de saúde, Temporão disse que é bom que ele não esteja à venda nas farmácias. "Não tem na farmácia porque, em função da demanda mundial, o laboratório não tem o medicamento para entrega. Mas, se tivesse, nós teríamos uma corrida às farmácias de pessoas que iam se automedicar. É uma irresponsabilidade dar remédio para todo mundo como se fosse jujuba. Se isso ocorresse, nós perderíamos a única arma que temos para combater a doença, que é a eficácia do medicamento" afirmou.
O ministro disse que o governo tem 9 milhões de doses do tratamento disponíveis e mais 1 milhão estocadas. A distribuição deve ser organizada pelas secretarias estaduais e municipais de Saúde.
Temporão ressaltou que a principal forma de combater a doença é a informação. Ele recomenda à população que acesse o site do Ministério da Saúde ou telefone para o Disque Saúde (0800611997) para esclarecer qualquer dúvida sobre a doença.
da Agência Brasil
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, informou, ontem (21) à noite, que o Instituto Butantan, de São Paulo, será responsável pela produção da vacina contra o vírus Influenza H1N1, causador da gripe suína. Durante entrevista ao programa Observatório da Imprensa, da TV Brasil, o ministro informou que o instituto tem um contrato de transmissão de tecnologia com um laboratório francês que está trabalhando na produção da vacina contra a gripe suína.
"Há uma corrida, especialmente de quatro laboratórios multinacionais, pela produção da vacina para o inverno no Hemisfério Norte, que começa agora em novembro. No Brasil, nós poderemos vacinar a população no ano que vem. Estamos em contato com vários laboratórios", afirmou Temporão.
Ele ressaltou que, quando for encontrada a vacina, haverá escassez do produto no mundo. "Outras questão é da propriedade intelectual. As populações mais pobres não podem ser privadas de uma patrimônio que é da humanidade. Acho que a OMS [Organização Mundial da Saúde] tem uma responsabilidade importante para determinar quais serão os mecanismos para que os países mais pobres tenham acesso a essa tecnologia."
Questionado sobre o fato de que o medicamento para tratar a doença, o tamivir, só estar disponível na rede pública de saúde, Temporão disse que é bom que ele não esteja à venda nas farmácias. "Não tem na farmácia porque, em função da demanda mundial, o laboratório não tem o medicamento para entrega. Mas, se tivesse, nós teríamos uma corrida às farmácias de pessoas que iam se automedicar. É uma irresponsabilidade dar remédio para todo mundo como se fosse jujuba. Se isso ocorresse, nós perderíamos a única arma que temos para combater a doença, que é a eficácia do medicamento" afirmou.
O ministro disse que o governo tem 9 milhões de doses do tratamento disponíveis e mais 1 milhão estocadas. A distribuição deve ser organizada pelas secretarias estaduais e municipais de Saúde.
Temporão ressaltou que a principal forma de combater a doença é a informação. Ele recomenda à população que acesse o site do Ministério da Saúde ou telefone para o Disque Saúde (0800611997) para esclarecer qualquer dúvida sobre a doença.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Gripe A: México anuncia 20 milhões de doses da vacina para dezembro ANSA
CIDADE DO MÉXICO, 17 JUL (ANSA) - O ministro da Saúde do México, José Angel Córdova, anunciou hoje que a partir de dezembro, quando começa o inverno no hemisfério norte, serão aplicadas no país cerca de 20 milhões de doses da vacina contra o vírus A (H1N1).
O programa de imunização deverá ser concluído somente no primeiro trimestre de 2010. O governo calcula que cerca de 5 milhões de pessoas receberão as doses numa primeira fase da campanha de vacinação.
Será dada prioridade para pessoas mais expostas a complicações por conta de outros fatores, como portadores do vírus HIV, obesos, asmáticos, diabéticos, pessoas com problemas respiratórios, mulheres grávidas e profissionais da área da Saúde.
Córdova disse ainda que a situação no sudeste do país "se encontra em fase de estabilidade", mas ressaltou que assusta o fato como o vírus "se disseminou num clima caloroso", o que supõe que ele sofreu mutações.
Por sua vez, o diretor do Hospital de Clínicas da Universidade Católica do Chile, Carlos Pérez prevê um aumento do número de casos no hemisfério norte e adverte para a possibilidade de a pandemia ter "segundas ou terceiras ondas".
"Não tenho nenhuma dúvida de que haverá um número muito importante de casos no hemisfério norte e por isso todos os países dessa parte do mundo estão muito atentos em se adiantar aos fatos", avaliou Pérez, em declarações à ANSA.
O especialista em infectologia, que é membro do Ministério da Saúde chileno, considera que é preciso estar "preparado, porque os níveis de alerta se mantêm".
O Paraguai confirmou hoje mais duas mortes causadas pela nova gripe. O número de óbitos no país já chega a oito, segundo informaram autoridades locais da área da Saúde.
O número de casos confirmados pelo governo de Assunção chega a 164, enquanto há outras 1.748 pessoas em observação no país, segundo informou o médico Ivan Allende, diretor de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde paraguaio.
No Peru, o ministro da Defesa, Rafael Rey, anunciou o adiamento do tradicional desfile militar de 29 de julho, em comemoração da independência do país. A medida também tem o objetivo de evitar aglomerações que facilitem o contágio na nova gripe.
UOL Celular
O programa de imunização deverá ser concluído somente no primeiro trimestre de 2010. O governo calcula que cerca de 5 milhões de pessoas receberão as doses numa primeira fase da campanha de vacinação.
Será dada prioridade para pessoas mais expostas a complicações por conta de outros fatores, como portadores do vírus HIV, obesos, asmáticos, diabéticos, pessoas com problemas respiratórios, mulheres grávidas e profissionais da área da Saúde.
Córdova disse ainda que a situação no sudeste do país "se encontra em fase de estabilidade", mas ressaltou que assusta o fato como o vírus "se disseminou num clima caloroso", o que supõe que ele sofreu mutações.
Por sua vez, o diretor do Hospital de Clínicas da Universidade Católica do Chile, Carlos Pérez prevê um aumento do número de casos no hemisfério norte e adverte para a possibilidade de a pandemia ter "segundas ou terceiras ondas".
"Não tenho nenhuma dúvida de que haverá um número muito importante de casos no hemisfério norte e por isso todos os países dessa parte do mundo estão muito atentos em se adiantar aos fatos", avaliou Pérez, em declarações à ANSA.
O especialista em infectologia, que é membro do Ministério da Saúde chileno, considera que é preciso estar "preparado, porque os níveis de alerta se mantêm".
O Paraguai confirmou hoje mais duas mortes causadas pela nova gripe. O número de óbitos no país já chega a oito, segundo informaram autoridades locais da área da Saúde.
O número de casos confirmados pelo governo de Assunção chega a 164, enquanto há outras 1.748 pessoas em observação no país, segundo informou o médico Ivan Allende, diretor de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde paraguaio.
No Peru, o ministro da Defesa, Rafael Rey, anunciou o adiamento do tradicional desfile militar de 29 de julho, em comemoração da independência do país. A medida também tem o objetivo de evitar aglomerações que facilitem o contágio na nova gripe.
UOL Celular
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Vacina contra gripe suína virá em setembro, diz OMS
Pablo Uchoa
Da BBC Brasil em Londres
Uma especialista da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta quinta-feira que até o início de setembro devem estar disponíveis as primeiras doses de uma vacina contra a gripe suína, a influenza A H1N1.
A diretora da Iniciativa da OMS para a Pesquisa de Vacinas, Marie-Paule Kieny, ressaltou, porém, que o tempo necessário para levar a imunização a todos os países dependerá de licenciamento local e da eficiência de cada tratamento.
"Certamente haverá vacinas disponíveis em setembro. Então a questão não é se haverá uma vacina para a gripe H1N1 - haverá. É questão é quantas doses haverá", afirmou Kieny, em entrevista à BBC Brasil.
Segundo a OMS, existem no mundo em torno de 20 fabricantes autorizados a produzir a vacina da gripe sazonal, que estariam um passo à frente na fabricação de vacinas para a gripe suína.
Cerca de 70% da produção se concentra na América do Norte e Europa, mas também há capacidade em países de outras regiões, como Austrália, China e Japão.
Kieny disse que testes clínicos começarão a ser realizados na Austrália já no dia 22 de julho, com os primeiros resultados saindo pouco depois e o licenciamento ocorrendo em setembro.
Na Europa o avanço na pesquisa se dá a passos semelhantes, assim como nos Estados Unidos, onde vacinas contra a gripe sazonal não requerem testes clínicos e as empresas são autorizadas a produzir o medicamento com base em uma "mudança de variante" do vírus influenza, ela afirmou.
O Instituto Butantan, em São Paulo, é hoje o único local na América Latina onde se fabrica a vacina da gripe sazonal. Com a inauguração, até novembro, de uma nova fábrica com capacidade de produção de 1 milhão de doses, a instituição poderia destinar parte de sua capacidade para atender à demanda por imunização contra o vírus.
"O Brasil tem capacidade de produção no médio prazo, porque já tem instalações de produção de vacinas contra gripe. Se decidirem que vão produzir vacina contra o H1N1, podem fazê-lo dentro de algum tempo", disse Marie-Paule Kieny.
Avanço da doença
A discussão sobre o advento de uma vacina contra a gripe suína ocorre no momento em que aumentam os casos de contágio pela doença.
Nesta quinta-feira, o governo australiano alertou que, sem vacina e no pior cenário, a doença pode matar até 6 mil pessoas no país neste ano. O governo planeja uma vacinação em massa em outubro.
Na Grã-Bretanha, onde se estima que a gripe suína venha a afetar 100 mil pessoas por dia no auge do período de contaminação, o número de atendimentos do serviço público relacionados à doença aumentou 50% só na última semana.
O país deve receber até o fim de dezembro 60 milhões de doses da vacina - suficientes para cobrir metade da população.
Na reunião de autoridades de saúde sul-americanas, realizada em Buenos Aires na quarta-feira, o ministro argentino da Saúde disse que o H1N1 já está por trás de algo entre 85% e 90% dos casos de gripe no continente.
A provisão de vacinas foi um dos temas importantes do encontro, e os representantes dos países concordaram que os chamados "grupos vulneráveis" - pessoas com saúde mais frágil e com maior risco de morte - terão prioridade no tratamento da doença.
Disponibilidade
Mas ainda há dúvidas sobre a capacidade de produção de vacinas uma vez que o processo em grande escala se inicie, ressalvou Marie-Paule Kieny.
No melhor cenário, a indústria poderia fornecer 90 milhões de doses de vacinas por semana, ou cerca de 4,9 bilhões ao ano, ela afirmou.
Mas isto somente se: 1) a capacidade global de produção estiver voltada para este objetivo; 2) os laboratórios mantiverem para a gripe suína os mesmos níveis de produção da gripe sazonal; 3) cada fabricante usar a fórmula mais "econômica", ou seja, com menor uso de princípio ativo.
Se for necessário dobrar a dosagem da vacina ou o uso do princípio ativo, por exemplo, a disponibilidade de medicamentos seria proporcionalmente reduzida, ela apontou.
Cálculos mais conservadores estimam que a produção de vacinas seria de 1 bilhão a 2 bilhões de doses por ano. Será suficiente?
"Depende dos objetivos de governo de cada país", responde a especialista. "Se você quiser proteger apenas sua infraestrutura, pode querer vacinar apenas os seus funcionários dos setores de saúde, energia, segurança. Se quiser reduzir a transmissão da doença, pode querer imunizar todas as suas crianças em idade escolar. Para reduzir a mortalidade pode priorizar grupos mais vulneráveis a doenças."
Diante da escassez inicial de vacinas, a OMS recomendou em uma circular recente que os primeiros a receber a imunização sejam os profissionais de saúde de cada país, e depois uma série de grupos mais ou menos vulneráveis à gripe. No entanto, ressalta Kieny, essa definição "é uma questão de prioridade nacional e tomada de decisões".
O desafio em relação à gripe suína é que, diferente da sazonal, esta tem feito vítimas entre jovens adultos e crianças, muitos aparentemente saudáveis antes da doença.
"É chocante ver que uma grande porcentagem de pessoas que morreram eram jovens, adultos de meia idade, obviamente saudáveis", disse Kieny. "Há indicativos de que muitas destas pessoas que morreram estariam saudáveis e felizes em outra situação."
Da BBC Brasil em Londres
Uma especialista da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta quinta-feira que até o início de setembro devem estar disponíveis as primeiras doses de uma vacina contra a gripe suína, a influenza A H1N1.
A diretora da Iniciativa da OMS para a Pesquisa de Vacinas, Marie-Paule Kieny, ressaltou, porém, que o tempo necessário para levar a imunização a todos os países dependerá de licenciamento local e da eficiência de cada tratamento.
"Certamente haverá vacinas disponíveis em setembro. Então a questão não é se haverá uma vacina para a gripe H1N1 - haverá. É questão é quantas doses haverá", afirmou Kieny, em entrevista à BBC Brasil.
Segundo a OMS, existem no mundo em torno de 20 fabricantes autorizados a produzir a vacina da gripe sazonal, que estariam um passo à frente na fabricação de vacinas para a gripe suína.
Cerca de 70% da produção se concentra na América do Norte e Europa, mas também há capacidade em países de outras regiões, como Austrália, China e Japão.
Kieny disse que testes clínicos começarão a ser realizados na Austrália já no dia 22 de julho, com os primeiros resultados saindo pouco depois e o licenciamento ocorrendo em setembro.
Na Europa o avanço na pesquisa se dá a passos semelhantes, assim como nos Estados Unidos, onde vacinas contra a gripe sazonal não requerem testes clínicos e as empresas são autorizadas a produzir o medicamento com base em uma "mudança de variante" do vírus influenza, ela afirmou.
O Instituto Butantan, em São Paulo, é hoje o único local na América Latina onde se fabrica a vacina da gripe sazonal. Com a inauguração, até novembro, de uma nova fábrica com capacidade de produção de 1 milhão de doses, a instituição poderia destinar parte de sua capacidade para atender à demanda por imunização contra o vírus.
"O Brasil tem capacidade de produção no médio prazo, porque já tem instalações de produção de vacinas contra gripe. Se decidirem que vão produzir vacina contra o H1N1, podem fazê-lo dentro de algum tempo", disse Marie-Paule Kieny.
Avanço da doença
A discussão sobre o advento de uma vacina contra a gripe suína ocorre no momento em que aumentam os casos de contágio pela doença.
Nesta quinta-feira, o governo australiano alertou que, sem vacina e no pior cenário, a doença pode matar até 6 mil pessoas no país neste ano. O governo planeja uma vacinação em massa em outubro.
Na Grã-Bretanha, onde se estima que a gripe suína venha a afetar 100 mil pessoas por dia no auge do período de contaminação, o número de atendimentos do serviço público relacionados à doença aumentou 50% só na última semana.
O país deve receber até o fim de dezembro 60 milhões de doses da vacina - suficientes para cobrir metade da população.
Na reunião de autoridades de saúde sul-americanas, realizada em Buenos Aires na quarta-feira, o ministro argentino da Saúde disse que o H1N1 já está por trás de algo entre 85% e 90% dos casos de gripe no continente.
A provisão de vacinas foi um dos temas importantes do encontro, e os representantes dos países concordaram que os chamados "grupos vulneráveis" - pessoas com saúde mais frágil e com maior risco de morte - terão prioridade no tratamento da doença.
Disponibilidade
Mas ainda há dúvidas sobre a capacidade de produção de vacinas uma vez que o processo em grande escala se inicie, ressalvou Marie-Paule Kieny.
No melhor cenário, a indústria poderia fornecer 90 milhões de doses de vacinas por semana, ou cerca de 4,9 bilhões ao ano, ela afirmou.
Mas isto somente se: 1) a capacidade global de produção estiver voltada para este objetivo; 2) os laboratórios mantiverem para a gripe suína os mesmos níveis de produção da gripe sazonal; 3) cada fabricante usar a fórmula mais "econômica", ou seja, com menor uso de princípio ativo.
Se for necessário dobrar a dosagem da vacina ou o uso do princípio ativo, por exemplo, a disponibilidade de medicamentos seria proporcionalmente reduzida, ela apontou.
Cálculos mais conservadores estimam que a produção de vacinas seria de 1 bilhão a 2 bilhões de doses por ano. Será suficiente?
"Depende dos objetivos de governo de cada país", responde a especialista. "Se você quiser proteger apenas sua infraestrutura, pode querer vacinar apenas os seus funcionários dos setores de saúde, energia, segurança. Se quiser reduzir a transmissão da doença, pode querer imunizar todas as suas crianças em idade escolar. Para reduzir a mortalidade pode priorizar grupos mais vulneráveis a doenças."
Diante da escassez inicial de vacinas, a OMS recomendou em uma circular recente que os primeiros a receber a imunização sejam os profissionais de saúde de cada país, e depois uma série de grupos mais ou menos vulneráveis à gripe. No entanto, ressalta Kieny, essa definição "é uma questão de prioridade nacional e tomada de decisões".
O desafio em relação à gripe suína é que, diferente da sazonal, esta tem feito vítimas entre jovens adultos e crianças, muitos aparentemente saudáveis antes da doença.
"É chocante ver que uma grande porcentagem de pessoas que morreram eram jovens, adultos de meia idade, obviamente saudáveis", disse Kieny. "Há indicativos de que muitas destas pessoas que morreram estariam saudáveis e felizes em outra situação."
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Festas da gripe suína pelo mundo propagam o vírus para fabricar anticorpos
Le Monde
Paul Benkimoun
Será que não é melhor pegar desde já a gripe A (H1N1), enquanto ela ainda não é muito virulenta, do que esperar pela segunda onda do próximo outono, que pode ser mais grave? Algumas pessoas que estão organizando "swine flu parties" [festas da gripe suína] nos EUA ou "grippe parties" no Reino Unido, já decidiram: essas reuniões têm por objetivo fazer com que as pessoas contraiam deliberadamente o vírus A (H1N1) para fabricar anticorpos e assim serem imunizadas antecipadamente. Uma vacinação natural, de certa forma, mas que os especialistas consideram como uma ideia não tão boa quanto pode parecer.
"Assim que ficamos sabendo, pelos dados epidemiológicos e pelas observações nos serviços hospitalares, que estávamos diante de uma forma de gripe benigna, esta questão veio à tona", explica o professor François Bricaire, que dirige no La Pitié-Salpêtrière (Paris) um dos serviços de referência para as epidemias infecciosas.
"Sabendo que poderíamos ter de enfrentar uma segunda onda mais grave no outono, não é totalmente ilógico pensar: 'Vamos deixar rolar, pois se muitas pessoas possuírem os anticorpos, isso simplificará a futura vacinação'".
Uma transmissão rápida
O vírus da gripe A (H1N1) não é muito virulento, mas se propaga rapidamente. Ele pode ser disseminado pelo ar por meio de uma tosse, um espirro, perdigotos. Ele também é transmissível por um contato mais próximo (aperto de mãos, beijo) com uma pessoa doente, ou encostando em objetos (maçaneta de porta, etc.) contaminados. Os sintomas se parecem com aqueles da gripe comum: febre, tosse, fadiga, dores no corpo.
O diretor da Escola de Estudos Superiores em Saúde Pública e epidemiologista, o professor Antoine Flahault também reconhece que "aqueles que pegarem logo a gripe A (H1N1) terão mais vantagens: de certa forma, eles terão sido vacinados antes dos outros. Ainda por cima, se eles tiverem uma gripe com complicações - o que não é o caso mais frequente na França - , talvez seja melhor que isso aconteça enquanto os hospitais não estiverem lotados".
O princípio da imunização natural por contato com uma pessoa portadora de um vírus surgiu nos países anglo-saxões em torno da varicela ou catapora ("chickenpox"). As "chickenpox parties" se expandiram até os anos 1990, enquanto não havia vacina para a doença: eram organizados lanches da tarde, reunindo as crianças em torno do paciente portador das pústulas que sinalizavam a infecção pelo vírus da família da herpes.
A ideia persistiu especialmente entre as famílias que eram contra as vacinas, ou entre aqueles que acreditavam que a imunidade natural era mais forte do que aquela provida por um produto concebido em laboratório. Ela continua a ser propagada por sites na internet, inclusive para a gripe. Seus defensores promovem um livro em especial, "The Great Influenza", de John M. Barry, publicado em 2004, que relata que as pessoas que contraíram a gripe espanhola em 1918, durante uma primeira onda relativamente moderada na primavera, haviam sido protegidas por dois episódios muito mais graves que ocorreram no decorrer do inverno.
O diretor dos Centros de Controle e de Prevenção das Doenças (CDC, sigla em inglês), Richard Besser afirma, a respeito das "swine flu parties", que "seria um erro grosseiro fazer com que indivíduos e crianças corram riscos. Trata-se de uma doença nova, emergente, e ainda estamos aprendendo sobre ela todos os dias".
Indo na mesma direção, o professor Flahaul acredita que "ainda não sabemos muito a respeito da virulência do vírus A (H1N1). Na França, por exemplo, os dados dos certificados de mortalidade só dão conta parcialmente do número de mortos provocados pela gripe, seja ela a gripe comum ou a causada pelo novo vírus". Na maioria das vezes, somente as complicações infecciosas da gripe (pneumonia, bronquite...) aparecem no documento.
Apanhar deliberadamente a gripe não é inofensivo. Ainda que os especialistas concordem em dizer que os números oficiais de casos confirmados e de mortes estão longe da realidade, os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que 4,5 casos em 1000 foram letais. "Se pegar a gripe a qualquer custo fosse remédio, aceitariam que este induzisse à morte nesse ritmo?", pergunta o Dr. Jean-Marie Cohen, coordenador nacional da rede de Grupos Regionais de Observação da Gripe (GROG).
E para além do possível benefício individual que uma pessoa poderia obter de uma contaminação precoce pelo vírus, é preciso também refletir em termos éticos: uma pessoa infectada pode transmitir o vírus ao seu redor e desencadear, entre os mais frágeis, uma doença potencialmente fatal. "Contrair deliberadamente o vírus A (H1N1)? Sinceramente, não faria isso nem por mim, nem por minha família", diz o Dr. Cohen. "Em compensação, não é um grande drama contraí-lo. Não há por que entrar em pânico, mudar seus hábitos ou seus planos, especialmente as férias". Uma atitude confirmada pelo professor Bricaire: "Minha filha me perguntou se deveria cancelar uma viagem prevista para a Argentina. Após consultar meus colegas pesquisadores, eu lhe disse para não cancelar".
UOL Celular
Paul Benkimoun
Será que não é melhor pegar desde já a gripe A (H1N1), enquanto ela ainda não é muito virulenta, do que esperar pela segunda onda do próximo outono, que pode ser mais grave? Algumas pessoas que estão organizando "swine flu parties" [festas da gripe suína] nos EUA ou "grippe parties" no Reino Unido, já decidiram: essas reuniões têm por objetivo fazer com que as pessoas contraiam deliberadamente o vírus A (H1N1) para fabricar anticorpos e assim serem imunizadas antecipadamente. Uma vacinação natural, de certa forma, mas que os especialistas consideram como uma ideia não tão boa quanto pode parecer.
"Assim que ficamos sabendo, pelos dados epidemiológicos e pelas observações nos serviços hospitalares, que estávamos diante de uma forma de gripe benigna, esta questão veio à tona", explica o professor François Bricaire, que dirige no La Pitié-Salpêtrière (Paris) um dos serviços de referência para as epidemias infecciosas.
"Sabendo que poderíamos ter de enfrentar uma segunda onda mais grave no outono, não é totalmente ilógico pensar: 'Vamos deixar rolar, pois se muitas pessoas possuírem os anticorpos, isso simplificará a futura vacinação'".
Uma transmissão rápida
O vírus da gripe A (H1N1) não é muito virulento, mas se propaga rapidamente. Ele pode ser disseminado pelo ar por meio de uma tosse, um espirro, perdigotos. Ele também é transmissível por um contato mais próximo (aperto de mãos, beijo) com uma pessoa doente, ou encostando em objetos (maçaneta de porta, etc.) contaminados. Os sintomas se parecem com aqueles da gripe comum: febre, tosse, fadiga, dores no corpo.
O diretor da Escola de Estudos Superiores em Saúde Pública e epidemiologista, o professor Antoine Flahault também reconhece que "aqueles que pegarem logo a gripe A (H1N1) terão mais vantagens: de certa forma, eles terão sido vacinados antes dos outros. Ainda por cima, se eles tiverem uma gripe com complicações - o que não é o caso mais frequente na França - , talvez seja melhor que isso aconteça enquanto os hospitais não estiverem lotados".
O princípio da imunização natural por contato com uma pessoa portadora de um vírus surgiu nos países anglo-saxões em torno da varicela ou catapora ("chickenpox"). As "chickenpox parties" se expandiram até os anos 1990, enquanto não havia vacina para a doença: eram organizados lanches da tarde, reunindo as crianças em torno do paciente portador das pústulas que sinalizavam a infecção pelo vírus da família da herpes.
A ideia persistiu especialmente entre as famílias que eram contra as vacinas, ou entre aqueles que acreditavam que a imunidade natural era mais forte do que aquela provida por um produto concebido em laboratório. Ela continua a ser propagada por sites na internet, inclusive para a gripe. Seus defensores promovem um livro em especial, "The Great Influenza", de John M. Barry, publicado em 2004, que relata que as pessoas que contraíram a gripe espanhola em 1918, durante uma primeira onda relativamente moderada na primavera, haviam sido protegidas por dois episódios muito mais graves que ocorreram no decorrer do inverno.
O diretor dos Centros de Controle e de Prevenção das Doenças (CDC, sigla em inglês), Richard Besser afirma, a respeito das "swine flu parties", que "seria um erro grosseiro fazer com que indivíduos e crianças corram riscos. Trata-se de uma doença nova, emergente, e ainda estamos aprendendo sobre ela todos os dias".
Indo na mesma direção, o professor Flahaul acredita que "ainda não sabemos muito a respeito da virulência do vírus A (H1N1). Na França, por exemplo, os dados dos certificados de mortalidade só dão conta parcialmente do número de mortos provocados pela gripe, seja ela a gripe comum ou a causada pelo novo vírus". Na maioria das vezes, somente as complicações infecciosas da gripe (pneumonia, bronquite...) aparecem no documento.
Apanhar deliberadamente a gripe não é inofensivo. Ainda que os especialistas concordem em dizer que os números oficiais de casos confirmados e de mortes estão longe da realidade, os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que 4,5 casos em 1000 foram letais. "Se pegar a gripe a qualquer custo fosse remédio, aceitariam que este induzisse à morte nesse ritmo?", pergunta o Dr. Jean-Marie Cohen, coordenador nacional da rede de Grupos Regionais de Observação da Gripe (GROG).
E para além do possível benefício individual que uma pessoa poderia obter de uma contaminação precoce pelo vírus, é preciso também refletir em termos éticos: uma pessoa infectada pode transmitir o vírus ao seu redor e desencadear, entre os mais frágeis, uma doença potencialmente fatal. "Contrair deliberadamente o vírus A (H1N1)? Sinceramente, não faria isso nem por mim, nem por minha família", diz o Dr. Cohen. "Em compensação, não é um grande drama contraí-lo. Não há por que entrar em pânico, mudar seus hábitos ou seus planos, especialmente as férias". Uma atitude confirmada pelo professor Bricaire: "Minha filha me perguntou se deveria cancelar uma viagem prevista para a Argentina. Após consultar meus colegas pesquisadores, eu lhe disse para não cancelar".
UOL Celular
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